Com aval da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) padronizados, criados pela BM&FBovespa, devem sair do papel. A padronização visa tornar o mercado mais transparente e seguro para os investidores.
O registro está disponível desde o dia 28 e faz parte de um plano da bolsa para fomentar a liquidez desses títulos. O programa começou no fim de 2009 com a criação da Câmara Consultiva do Mercado Imobiliário com representantes de órgãos reguladores, entidades de classe, mercado financeiro e escritórios de advocacia.
Para a padronização dos CRIs, o primeiro passo foi dividir as emissões em quatros categorias. Os certificados com lastro em financiamentos de unidades residenciais foram divididos em performados, quando o empreendimento imobiliário já está pronto e as chaves entregues, e não performados, para compra de imóveis na planta. Também há os comerciais, que, em geral, são lastreados em financiamento de projetos do tipo "built to suit" (construção sob medida) para empresas, e que foram classificados em performados e não performados.
Em seguida, definiu-se alguns critérios para a padronização. O primeiros deles, conta Emilio Otranto Neto, diretor de desenvolvimento e relações com institucionais da bolsa, é que a emissão deve ter lastro em uma Cédula de Crédito Imobiliário (CCI, papel que representa o financiamento) registrada no sistema da bolsa. Segundo o executivo, essa é uma forma de dar segurança ao investidor, uma vez que a CCI registrada na bolsa passa pelo teste do lastro.
Graças a um convênio com a Associação dos Registradores Imobiliários de São Paulo (Arisp), é possível acompanhar on-line a situação dos imóveis que servem de garantia para as CCIs, como matrículas e certidões. O primeiro registro de uma CCI na bolsa, contudo, é do 1º de abril, sexta-feira. A emissão envolveu o registro de 4.324 CCIs da Brazilian Securities, com um volume R$ 259 milhões.
Os papéis precisam ainda ser alvo de distribuição pública, mesmo que seja de esforços restritos, e referenciados em TR, IGP-M ou IPCA. "O mundo ideal é que as emissões sejam indexadas apenas ao IPCA, mas como a maioria do estoque é em TR e IGPM, estamos aceitando os três indexadores", diz. Mas, num segundo momento, para contratos novos, só serão aceitos CRIs indexados ao IPCA, porque há títulos públicos que usam o mesmo benchmark e, com isso, servem de referencial de preço. "O objetivo é melhorar a avaliação de preço no mercado secundário", diz.
Entre outros critérios, os CRIs do tipo júnior, que suportam a primeira perda no caso de inadimplência, precisam representar no mínimo 25% da emissão total. No caso dos CRIs comerciais do tipo "built to suit", a padronização é mais difícil dada a peculiaridade das operações, reconhece Otranto, mas há alguns critérios comuns.
O diretor diz que a bolsa vai aceitar o registro de CRIs fora do padrão, mas aqueles que seguirem os novos critérios passarão por uma análise mais rápida e ganharão status diferenciado. "Será o Novo Mercado de CRIs." Otranto destaca que a grande vantagem da padronização é tornar o ambiente mais transparente e seguro para a pessoa física e estrangeiros.
No início do ano, a BM&FBovespa reduziu os custos de transação e registro para emissores de CRI. Mas esse segmento na bolsa ainda é pequeno. Em 2010, foram negociados apenas R$ 191,5 milhões.
Fonte: Valor Econômico (Alessandra Bellotto)
Fitch dá sinal verde para especular
05/04/2011
A agência de classificação de risco Fitch elevou as notas do Brasil em moeda estrangeira e local de BBB- para BBB. A perspectiva do país passou de "positiva" para "estável". Significa que, segundo a Fitch, diminuiu o risco de o país deixar de pagar suas dívidas com investidores.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, comemorou o resultado, que ocorre poucos dias após a Standard & Poor"s (S&P) ameaçar rebaixar o país, alegando ser insuficiente o arrocho fiscal de R$ 50 bilhões do início do ano.
Mantega, porém, alertou que a "promoção" do país atrairá ainda mais dólares do exterior. A preocupação do ministro foi confirmada já no primeiro dia. O dólar comercial caiu 0,19%, a R$ 1,609 no mercado interbancário de câmbio, no menor valor desde 8 de agosto de 2008. No mês, a divisa acumula queda de 1,29% e, no ano, de 3,31%.
O economista Reinaldo Gonçalves, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ressalta que, além do problema conjuntural da excessiva entrada de poupança externa - a desvalorização do dólar - existe a questão estrutural representada pelo aumento do passivo externo, que já atingiu R$ 1,3 trilhão, segundo o professor.
"O Brasil precisa enfrentar a questão da vulnerabilidade externa estrutural, não apenas conjuntural, para se tornar menos dependente de poupança externa", defende, salientando que o que atrai o capital especulativo não é apenas o aval das agências de risco, mas os juros altos e a perspectiva de apreciação cambial. "O governo é o maior responsável pela má qualidade do financiamento de nossas contas externas, pois pratica juros, câmbio e política fiscal que induzem à entrada de especuladores."
O professor da UFRJ acrescentou que as multinacionais financiam sua produção com recursos domésticos e aplicam no mercado financeiro tudo o que vem das matrizes sob a rubrica de investimento externo direto (IED).
Fonte: Monitor Mercantil
Americana CH2M estuda aquisições para crescer no mercado brasileiro
05/04/2011
A empresa de engenharia CH2M Hill, uma das maiores dos Estados Unidos, considera a hipótese de partir para aquisições no Brasil como parte de uma estratégia maior para fazer o país responder por pelo menos 10% do seu faturamento global. Hoje, a sua receita no Brasil, de apenas US$ 22 milhões, é quase nada comparado com as dimensões globais da companhia, que faturou US$ 6,3 bilhões em 2010.
"Não estou satisfeito com isso", afirmou ao Valor o presidente da CH2M Hill, Lee McIntire. Ele integrou a comitiva de empresários que acompanhou em viagem ao país o presidente americano, Barack Obama, há pouco mais de duas semanas. No ano passado, ele também foi o anfitrião de uma reunião do Fórum de CEOs Brasil-Estados Unidos em Denver, no Colorado, onde fica a sede da companhia.
A CH2M Hill atua em 8 países e, entre outros contratos, gerencia o projeto de expansão do Canal do Panamá e faz parte do consórcio internacional responsável pelo planejamento, design e construção da infraestrutura dos Jogos Olímpicos de Londres de 2012. "Estamos examinando se haverá oportunidades para atuar nas Olimpíadas e Copa do Mundo no Brasil", diz McIntire.
No Brasil desde 1996, a CH2M Hill tem procurado crescer sobretudo de forma orgânica, ou seja, pela expansão de suas próprias operações. Recentemente, a empresa fechou parceria com a Método Engenharia para atuar no setor de petróleo e gás. Para este ano, a projeção da companhia é um aumento de 80% nas receitas da operação brasileira. Mas ainda será necessário multiplicar por 16 para o faturamento no Brasil representar 10% das receitas mundiais.
"Às vezes, quando você está tentando entrar num novo mercado, não é possível crescer de forma rápida organicamente", diz McIntire, explicando a lógica de partir para aquisições no Brasil. "Às vezes você precisa acelerar o crescimento por meio de aquisições. É uma questão de ter a capacidade para fazer projetos cada vez maiores."
Muitos consideram o setor de construção brasileiro fechado a competição estrangeira. Em entrevista ao Valor antes da viagem de Obama ao Brasil, o ex-subsecretário para a América Latina no governo George W. Bush, Roger Noriega, disse que as construtoras americanas vêem o país como território proibido. "Quando falo com as maiores construtoras americanas, muitas estão receosas de colocar muitos esforços no Brasil porque não tiveram um ambiente hospitaleiro no passado."
McIntire, porém, não pensa assim. "Quando disputamos contratos governamentais, fazemos parcerias com empresas brasileiras, e isso funciona para nós." Para ele, os dois países teriam a ganhar com as convergências das regulações, que poderiam reforçar o comércio e os serviços nos dois sentidos.
Os dados do Banco Central também negam a tese de que o mercado é fechado. Em 2010 o Brasil teve receita de US$ 5,739 bilhões em serviços de engenharia prestados no exterior, mas teve uma despesa de US$ 3,856 bilhões em serviços contratados de estrangeiras.
Para o executivo, um dos grandes desafios hoje é a falta de mão de obra especializada no país. "A maior parte dos engenheiros que usamos são brasileiros, mas de vez em quando precisamos trazer funcionários do exterior para executar trabalhos técnicos especializados", disse McIntire. "Sai caro porque não há tratado de bitributação [entre Brasil e Estados Unidos] e é trabalhoso por causa das exigências para obter os vistos." O tratado de para evitar a bitributação e o relaxamento das exigências para o vistos de trabalho são duas das prioridades da agenda de reivindicações do Forum de CEOs.
O mercado brasileiro, diz McIntire, está no topo das prioridades da CH2M Hill. "Estamos no país há algum tempo, sabemos como trabalhar lá, sabemos que seremos pagos, o que é muito importante, e gostamos dos fundamentos do país." E por que o Brasil em primeiro lugar, e não a China? "A China é fundamental para a gente, mas se você me pedir para fazer um ranking, o Brasil vem primeiro, porque é onde pessoalmente tenho investido mais tempo."
Fonte: Valor Econômico (Alex Ribeiro) 05/04/2011
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